sexta-feira, 11 de março de 2011

A moda como uma doença?

Esse texto foi extraído de um livro que estou lendo no momento chamado Moda e Inconsciente - olhar de uma psicanalista da Pascale Navarri, depois vou postar mais detalhes do livro no post sobre leitura fashion.

O vício "moda", uma "cronopatia"

"A doença da fashion victim seria de certa maneira uma doença do excesso, que o universo da moda faz frutificar sem cessar: excesso de submissão às tendências e às marcas, excesso de dinheiro gasto, excesso de dependência em relação ao olhar dos outros, excesso de energia consumida para manter tal ritmo nas diferentes mudanças de suas "placas de identidade temporárias".

No entanto, as pessoas "contaminadas" por essa doença, na verdade, raramente se queixam desse estado, e permanecem preferivelmente no registro de triunfo! Quando elas conseguem ter o conjunto de objetos das marcas que estão na moda e o visual que é preciso ter, ficam felizes. Mesmo se tal felicidade tenha curta duração... 

Porque o excepcional obtido dessa maneira tem vida curta, e é preciso sem cessar tornar a pôr-se em busca da última novidade. É preciso ter esse acessório ou aquela aparência, e isso antes de todo mundo, portanto, "imediatamente",[...] e também estar pronta para mudar tudo rapidamente, antes que muitas outras pessoas acabem por fazê-lo também. Nesse sentido pode-se dizer que o fato de ser "dependente" da moda dessa maneira é uma espécie de "cronopatia", uma "doença" associada ao tempo.

Com efeito, podemos interpretar o "circuito" que consiste em ter compreendido a tendência em primeiro lugar, em ser a mais "nova" nessa maneira de se vestir, permanecendo, ao mesmo tempo, à espreita da próxima tendência da moda, como a expressão de uma certa insatisfação quanto à sua própria imagem, que, de maneira repetida, precisa ser modificada segundo o espírito da época. Trata-se de um circuito psíquico bastante curto, em que não há o menor espaço para a imaginação pessoal, em que a questão do novo, que é preciso dominar antes de todo mundo, aparece como tema central

O que se controla é a mudança: a fashion victim a fareja, a domina assim que ela ocorre, usando-a em proveito próprio para ostentar sobre si o que parece torná-la o mais notável possível. Eis ai, de certa maneira, uma hiperativa da moda que, para controlar as mudanças, se sente obrigada a segui-la de perto... Porque tal atitude compulsiva? Por essa luta estranha contra o tempo que passa provoca nessas pessoas a obrigação de muda sua imagem de maneira bastante brutal e, na verdade, estragá-la?

Sob essas aparências agradáveis e superficiais, uma espécie de auto-agressão predomina, manifesta pelo abandono de uma estética pessoal, do gosto por uma aparência mais singular, e o prazer de vestir-se segundo seu próprio estilo parece não ter nenhum direito de se expressar."


Agora os meus comentários... Esse é definitivamente um lado da moda que eu não gosto, onde não se predomina o gosto pessoal, mas sim o que esta em voga/moda. As vezes não gosto do modo como a moda impera nas pessoas fazendo-as parecer simples bonecas vestidas, afinal quem melhor do que eu mesma para saber o que é melhor para mim? Como eu disse antes, estilo requer auto-conhecimento.

Como conhecedora das engrenagens da moda, também acabo não gostando de pessoas que estejam vestidas com as mesmas coisas que eu, eu tento ser única no meu estilo, comprar coisas novas em lugares mais selecionados para que eu não me depare por aí com alguém usando o mesmo sapato que eu esteja usando, por exemplo. Mas não quer dizer que só uma fashion victim, embora persiga a exclusividade, mesmo que as vezes eu não possa ter. Sou dona do meu estilo próprio, claro que ele tem influências e muuuuitas. Como designer de moda, insisto cada vez mais na valorização do estilo e da identidade própria.

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